sábado, 25 de junho de 2011

PEDRAS BRANCAS


Há um lugar onde as chuvas são eternas
Um sitio onde floresce a maravilha
Onde a bruma é manto esquecido de um deus
Que abandonou à muito a ilha

Uma solitária flor emerge no barro
Os sonhos são jardim onde sorriem as almas
Uma vaga repousa no negro basalto
A espuma cintila em mil chamas

Cais de saudade constante
Sou barco ancorado entre o celeste e o sal
Golfinho saltimbanco cruzando marés
Anjo caído ao golpe do mal

Viajante na fronteira da sombra
Palhaço que lava o rosto à beira de uma lagoa
Violoncelo de cordas partidas
Um querer querendo, em coração que voa

Ungi meu corpo com orvalho da manhã
Lembrei uma reza à muito esquecida
Reacendi a chama desta incontida paixão
Lancei o abraço ao correr da vida

Que vida…
Que aventura tão plena de emoções
Que vertiginosa viagem ao infinito
Onde a loucura se veste de contradições

E paro este relógio, quero parar o tempo
Fecho os olhos e faço o caminho das buscas
Talhei na lava os meus mais profundos anseios
E ergui um castelo de…Pedras brancas…

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A MORADA DOS SERES FELIZES


Percorri o Vale da dor
Pelos dias das minhas noites de tristeza
Bebi o amargo da loucura
Olhei o céu na procura da minha perdida estrela

No horizonte encontrei o meu silêncio
As palavras devoradas por ele
Esta terra que me prende os pés
É arrepio que se prende à pele

As gaivotas invadiram o norte da ilha
As casas reflectem a brancura da cal
Um Milhafre solta um pio na manhã
E afugenta da terra o mal

Que mal é este que flagelou o meu corpo?
Que rancor terei despertado a um deus?
Que travo amargo enche este cálice?
Que marca dura e fria deixam os passos meus?

A manhã brilhou plena hoje
Despi todas as vestes e vesti-me de Sol e céu
As hortênsias despertaram no verde
Estenderam na minha passagem um celeste véu

Um mapa, uma contradição, uma premonição?
Uma saída deste cruel labirinto, uma azul oração
A fuga a todos os males do Mundo
O encher de paixão este pobre coração

Nesta peça ninguém morre, ninguém morreu
Soltei no palco as minhas mais fortes raízes
Dramatizei a vida em apenas um segundo de olhos fechados
Ao abrir estava…Na Morada dos Seres Felizes…

segunda-feira, 6 de junho de 2011

VOLTO DO SILÊNCIO


Uma flor que eclode das pedras
O pio de uma ave na procura do ninho
Uma oração perdida nas ondas do Mar
Uma brisa em afago da cor do carinho

Os anjos às vezes caem na terra
Às vezes Deus ampara a nossa queda
Às vezes pára a vida por um instante
Às vezes a noite acontece em negra seda

Tenho cá dentro tantas emoções
Que as palavras não conseguem alcançar
Tenho uma oração tatuada na alma
Tenho um horizonte na espera do meu chegar

Tenho dores…
O peito vazio da feliz emoção
Uma fria corrente no meu caminhar
Na viagem da minha solidão…

…Uma longa e penosa viagem
Nos braços de anjos brancos estive sentado
Na bondade mergulhou o meu corpo
Soltou-se-me a alma dele prostrado

Este Poeta é feito de papel comum
É feito de barro quebradiço e cru
Este poeta pinta a vida de palavras
Este poeta olha para Deus de sentimento nu

As flores murmuram em rumor
Enquanto me ergo deste fatal desvario
No despontar desta nova aurora
Sorrio outra vez e…Volto do Silêncio…