domingo, 25 de dezembro de 2011

MAR MANSO


A simplicidade da chuva
Uma folha de papel que rejeita a letra
Uma mão que teme o afago
Uma palavra solta que em minha alma entra

Tão calmamente corre esta viagem
A terra anda devido ao amor
O que é isso de amar com amor?
O que é isso de o perder sem dor?

O que é isso de acreditar
Às vezes Deus carrega ao colo um justo
Às vezes uma reza acende o Sol a meio da noite
Às vezes duvido acreditando a custo

Abracei o mundo este natal
Lembrei passados desvanecidos
Senti aromas que pensei perdidos
Senti que a vida me infligiu mil castigos

Senti que a solidão era a porta para a razão
Que era uma criatura sem grande importância
Senti que ainda não tinha traçado todos os rumos
Que não há longe perto da distância

Tenho no celeste uma estrela como minha
No contar das vagas formulo sempre um desejo
Acredito em tanta coisa estranha para outros
Sabem lá o que sinto toco e vejo

E falo sem que queira a palavra como resposta
E voo nas maravilhas que minha alma cria
E vivo na magia que me foi oferecida
Choro quanto pinto com as cores da alegria

Que Mundo este onde me colocaste Deus
Que vertigem esta procura apaixonante e sem descanso
Sei que as estrelas são teus luzeiros e olhos
E a minha estrada este…Mar Manso…

domingo, 18 de dezembro de 2011

O ELIXIR DO AMOR


A lembrança cruzou meu pensamento
A dor tomou-me de assalto
Lembrei-me caído no frio chão
A olhar um chamamento do alto

Lembrei o turbilhão de vida que me passou
Alma que de leve se separava do corpo
Vida que confirmava mil sentidos
Derramada do fundo de um copo

Lembrei…
Este poeta sempre em combate com a lembrança
Este homem desprendido do preconceito
Esta puta vida entre o mar revolto e a bonança

Esta ânsia contida em peito de basalto
Atravessei o mundo nas asas do impensável
Fui apelidado te tanta coisa feia e triste
Por vezes de ser notável

Mas fui sempre eu…!
Viajeiro temeroso fingindo valente
Enfrentando na noite a borrasca
Na aurora sorrindo contente…

…Com as suas belas cores
Sou um apaixonado por elas
Carrego no tempo tantas impressões
Algumas…São mesmo belas

Amei, amo a beleza
Tropecei muita vez na incerteza
Transformei miséria em realeza
Ri de contente e de tristeza

Ri para os olhos que me deram amor
Ri para o mar onde pesquei ilusões
Ri em cada partida e chegada
Que fiz numa vida de contradições

Procurei o segredo da verdade feliz
Percorri o caminho do vento cheio de ardor
Uma gaivota entregou-me uma concha cheia de mar
Era…O Elixir do Amor…

domingo, 11 de dezembro de 2011

ENTRE O CORAÇÃO E A VIDA


Esta Lua seguiu-me os passos
É triste ter asas sem poder voar
É fria a cor do vestido da noite
É de pedra esta jangada do meu prantear

Terra molhada de assombro
Olhos famintos de pão e sorriso
Boca que desfaz a palavra feliz
Mulher que abre o corpo ao esposo

Mulher fecunda, pão por cozer
Hesitante entre a entrega e a raiva surda
Fogo eterno que a água ateou
O suspiro da terra vibrando nos seios de uma muda

A fúria da paixão…
Vento fugindo à calmaria
Mordi uma azeda maçã
Nesta peça era o actor que nunca morria

Morri mil vezes em outras tantas
Usei sempre o mesmo traje, da mesma cor
Chorei os dramas, que não eram para chorar
Fui um deserdado do desamor

Fui Arlequim sem Columbina
Fui peça infeliz de carnaval a duas cores
Dancei com princesas inventadas
Inventei na vida falsos amores

Inventei uma ilha feita de nuvens
Um relógio que fazia o tempo andar para trás
Inventei a verdade mesmo a sério
Sei sonhar inventando sem saber como se faz

Fiz…
Das cores os sonhos mais belos
Das palavras a esperança sempre à minha espera
E dei vida a uma perdida quimera

Cobri com um abraço a descrença
Olhei de frente a desconfiança
Recolhi lágrimas de água pura e fiz um Mar
A que dei o nome de azul esperança

E fiz um cais
Apenas de chegada e proibi a partida
Sentei-me nas pedras que uni
E Juntei o…Coração e a Vida…

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

HÁ PALAVRAS QUE SÃO COMO FAZER AMOR


Um brinquedo perdido num baú
Uma cortesã cheia de vontade de servir
Um desejo mesquinho acende o perverso
Uma mulher vestida de verdade acabou de mentir

A chuva que escorre para o alto
Uma ribeira perdeu o cantar da água
A saudade já não mora no cais
A janela do sonho tem um cortinado de mágoa

Uma besta diz que é bestial
Uma criança chora de medo
Absolvição foge da alma do justo
Um coração derrama no chão um segredo

De amor…
Envolto num manto denso de bruma
O sangue de um golfinho foi sacrifício
Que um deus derramou na espuma

Do mar…
Onde lancei uma pedra desencontrada de outra
As pedras também sentem amor
Não infligem apenas dor

Sou uma pedra…
Lava mal talhada pela tosca ternura
Escultura que o sentimento ergue
Sem pingo de beleza ou formosura

E tu quem és?
Cultivadora em canteiro de ódios profundos
Rainha sem reino que trai o rei
Ave perdida entre dois mundos

Ah este poeta das confusas palavras
Cantador de todas as canções de tristeza
Trovador vestido de arlequim trapeiro
Fazendo vénias a uma imaginada realeza

Que diz palavra sobre palavra
Às vezes fica mudo com um olhar de dor
Dos seus lábios escorrem sons sem sentido
Porque…Às Vezes Há Palavras Que São Como Fazer Amor…

HÁ PALAVRAS QUE SÃO COMO FAZER AMOR


Um brinquedo perdido num baú
Uma cortesã cheia de vontade de servir
Um desejo mesquinho acende o perverso
Uma mulher vestida de verdade acabou de mentir

A chuva que escorre para o alto
Uma ribeira perdeu o cantar da água
A saudade já não mora no cais
A janela do sonho tem um cortinado de mágoa

Uma besta diz que é bestial
Uma criança chora de medo
Absolvição foge da alma do justo
Um coração derrama no chão um segredo

De amor…
Envolto num manto denso de bruma
O sangue de um golfinho foi sacrifício
Que um deus derramou na espuma

Do mar…
Onde lancei uma pedra desencontrada de outra
As pedras também sentem amor
Não infligem apenas dor

Sou uma pedra…
Lava mal talhada pela tosca ternura
Escultura que o sentimento ergue
Sem pingo de beleza ou formosura

E tu quem és?
Cultivadora de canteiro de ódios profundos
Rainha sem reino que trai o rei
Ave que perdida entre dois mundos

Ah este poeta das confusas palavras
Cantador de todas as canções de tristeza
Trovador vestido de arlequim trapeiro
Fazendo vénias a uma imaginada realeza

Que diz palavra sobre palavra
Às vezes fica mudo com um olhar de dor
Dos seus lábios escorrem sons sem sentido
Porque…Às Vezes Há Palavras Que São Como Fazer Amor…