sábado, 20 de abril de 2013

NEM SANTO, NEM JUSTO


Dormi tranquilamente sobre o vento
A minha alma tece o fio branco e negro
Senti solto o machado em árvore do mal
Repugnantes são as palavras que nos conduzem ao degredo

Hoje por hoje, minha alma é campo de batalha
Partilho todas as noites a serenidade de um sorriso
Bebi de uma taça que me queimou a alma
Apaguei um antigo fogo de esmorecida chama

Agitam-se as águas do tempo
Caminho para o rumo de uma felicidade azul
Vendi os sonhos, aprisionei as minhas mãos, com fragor
Para não mais acarinhar gente que mata o amor

Vi uma alma nua de luz parda
A loucura tomar conta das virtudes de uma boa pessoa
Vi canalha vestida de monstruosas intenções
Deram-me um pão de farinha boa

Hoje tive vontade de escrever
Suspirar palavras e lança-las ao vento
Hoje tive vontade de partir
De ir, de não mais querer vir

Mas estou alegre
Feliz como alguém que para casa volta
Não quero mais quem diz ser eu uma porcaria
Há para aí gente viva que perece árvore morta

Este é chamado um texto sem graça nem contexto
Só alcança isto quem for gente burra
Há os anormais armados em espertalhões aos magotes
E há gente discreta de alma pura

E há os laços de cetim branco
E vidas que tiveram um alto custo
Há também laços feitos por gente indecente
E há este homem que não é…Nem Santo, Nem justo…

terça-feira, 9 de abril de 2013

A SOMBRA DAS ROSAS


As pétalas murchas do silêncio
Perderam-se nesta imensa e fria bruma
Meu magoado coração já não bate
Perdi-me neste sal, nesta espuma

O dia entardeceu no começo da manhã
Amordacei a palavra feliz por me parecer vã
Não me julguem mais, deixem-me ser apenas pedra
Já não é de basalto o meu cais de espera

Esta ilha de ventos moldou-me a paixão
Este mar furioso vestiu-me de contradição
Tenho saudade de ser amado com verdade
Não tenho pressa, tenho asas de lata e uma cruel liberdade

Sou fruto mordido sem ventura
Gaivota escondida sabe-se lá porquê
Era para dizer na outra quadra (saudades da minha Mãe)
Já disse, não me envergonho, este poema ninguém lê

Hoje as sombras desceram todas à minha janela
Que ilha descubro na tua alma?
Ainda existe o fecundo que dá magia ao verde
O Sol esmoreceu neste Inverno sem chama

São os gestos de um fogo desenhando lírios
Que vestido abandonaste na cadeira
Ouvi os anos falarem de um castelo de futuro
Ouvi os dias murmurarem a luz derradeira

Sou apenas pegadas de uma ave do mar na areia
Sigo em frente e quando voar já não serei
Diz-me “Meu Deus” o que faço se é certo
Se serei um tonto ou apenas um burro esperto

Já quis ser tudo, agora não quero ser nada
Vou esperar a vinda das borboletas nas ribeiras, suaves mariposas
Neste dia em que faz anos que nasceu este boneco de papel
Apenas vislumbro…A Sombra das Rosas…