sexta-feira, 30 de maio de 2014

ENSEADA DE PALAVRAS



Ouvirei passos de vento
Virão ao meu encontro gaivotas azuis
Trago no peito uma hortência fresca de junho
Trago na mão uma verdade que empunho

Quando as aves cantam ao entardecer
Fico-me pela ramagem da nostalgia
Sinto os prodígios da música feliz
Este homem, este poeta, este petiz

Correm nas horas palavras como amoras
Um rosto atravessa isolados prados na vida
Deixei de plantar carinho, quando não me querem
Fechei a ternura numa caixinha devolvida

Quem és!?
Para onde correm os teus anseios?
Os meus olhos apenas recolhem cânticos de silêncio
Já não navego na Baia de todos os medos

Uma pequena pedra, a sorte...?!
A fé que me guia e me dá norte
Pedra na voz de uma menina
Não há melancolia, recomeçarei, não há morte!

Nos bolsos de um espantalho encontrei
Um papel que dizia assim:
“Nesta ilha descobri teus olhos
No acreditar voltarás para mim”

Se falassem estas mãos diriam
Ouve a voz imensa da terra
Que nunca morra a saudade
Que se instaure uma real verdade

São brancos os meus sentires
É alva a minha dorida alma
Que ninguém me trate mais como: “és mesmo assim”
Que se fechem os impuros corações que se lembram de mim

Eu já existia na ausência do teu nome
Sou um menino sem revolta ou mágoas
Nestas ultimas e felizes horas
Habitei numa...Enseada de Palavras...

terça-feira, 27 de maio de 2014

CAMINHOS BRILHANTES



Quem são aqueles seres envoltos em maldade?
Tudo engole, a voracidade desta raiva
Inesgotável é esta força que me acalenta
Imensa é esta luz que me protege e sustenta

Serão as mulheres os únicos seres perfeitos...!?
Será este homem o mais desalinhado do planeta?
Serão certas mulheres apenas isso mesmo, mulheres?
Conheci algumas flores da treta

Quero pintar mares fora do alcance dos fantasmas
Colorir as mágoas de carmesim
Quero ter aos ombros em afago a Capa do Senhor
A mesma que à alguns dias me libertou da dor...

Quero tanto!
Passei a querer novamente que me quisesse o Mundo
Nunca gostarei do sabor do ódio
Nunca tocará o meu mais profundo

Tens os olhos cheios de certezas gastas
As mãos sujas das pedras de arremesso
A alma vazia da semente do perdão
Um pedaço de feia lava no lugar do coração

Não sei porque escrevi a quadra acima
É preciso sorrir para que cresça a vida
Perdida dentro de mim há apenas uma memória
Fechei a alma de pássaro ferido a uma triste história

Abri a janela do sonho de par em par
Amenizei a importância das feridas e sou um barco
Quero inventar uma mulher de sonho calma
Quero que ela veja o que guarda esta alma

Quero inventar um vento calmo
Este espírito alucinado diz-me que sou terra
Imperturbável apercebo-me que se esfumou a importância
E neste silêncio vindo de dentro, sou paz, amor sem espera

E não espera o poeta
Não abraçarei mais sentimentos inconstantes
E no rumor deste silêncio vindo de dentro
Descubro o rumo para...Caminhos Brilhantes...

sexta-feira, 23 de maio de 2014

COM AMOR SEM RAIVA



Nem um amigo, nem uma palavra verdadeira
Pousaram na minha mesa
Tive um sonho longo e vazio em que se desfez teu rosto
Sou uma bÓia num poço de silêncio

Inventei uma cidade
Uma mulher séria que me amasse
Inventei um ser verdadeiro, um presente
Nasceu das pedras uma serpente

Inventei o amor num coração vazio
Inventei uma deusa sem trindade
Inventei uma forma de dar calor ao gelo
Inventei asas para a saudade

Inventei-te...!
Desejei um desejo com sangue nos lábios
Há quem me largue socos quando apenas quero abraçar
Há que tenha inventado a parte mais negra do amar

Há quem respire com raiva
Tal como um Arauto que passa e morre
Sabes!? É no estio que o coração prende as palavras
É neste teu longo Inverno que se avizinha que eclodirão mágoas

Que se enganem os que pensam
Que este poema é para alguém
É apenas o vómito de uma estupidez
Que encontrei numa pessoa...outra vez

E que se enganem os que pensam
Que não estou alegre e feliz
A esses “Vão para a puta que os pariu”
Vou estrear mais uma peça, é o que faço, fiz

Não me desejem sorte
Também não esperava isso de vós
Sabem quando escrevi bêbado estava
Saiu uma comédia que tem...AMARGO AMOR SEM RAIVA...

domingo, 18 de maio de 2014

CINEMA PARAISO



É afinal na mais simples equação do amor
Que se encontra a razão de viver
É afinal na total ausência do sentir
Que faz sentido um horizonte, partir

Esta viagem ainda faz sentido...!
Esta minha demanda pela razão
Aí vês que os homens não têm importância
Então compreendes que és um pássaro, morres, ou não

Voas e o teu corpo é apenas, nada
Respiras a custo numa mão fechada
Nadas num mar de nadas, de boca calada
Choras e ris como alma penada

E ouves uma mulher vestida de vento
Uma criança perdida num momento
Uma desgraça desgraçada sem alento
Uma cabeça dura sem convencimento

E botas-te pela rocha abaixo
Só porque a mulher rachou o tacho
E afogas as mágoas em vinho forte e macho
Cais no esquecimento tonto e borracho

Muita merda!...muita merda!
E querem ver não vai haver peça
Pois o ator partiu uma perna, que pena, luz apagada
Queimem a plateia, que tragédia, que merda!

Senhoras e senhoras era para ser:
Uma tragédia Grega linda de morrer
Uma Madame séria, convicta toda a tremer
E...Oh...esqueci-me do que tinha para dizer

Que desgraça foi essa que me deu
Um comprimido para as dores de cabeça, destrambulhou-me
Já passaram por mim hoje mil idiotas de sorriso
E enlouqueci! Acho que estou no...Cinema Paraíso...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

SORRI



No meio dos risos surgem os punhais
Este pássaro nunca se perdeu do saber
Nem sempre tive o aconchego de uma porta fechada
Meu Deus “Afasta de mim este cálice” não quero beber

Gostava de conversar contigo Mãe
Dizer-te tanta coisa que fiz
Gostava de sentir o teu sorridente orgulho
Este menino chora mais ao lado, continuo pobre petiz

Gostava que visses os sonhos que plantei
As palavras que escrevi com emoção
Gostava que dissesses a todas estas pessoas que me odeiam
Que tenho bom coração

Gostava que estivesse o Pai
Que vissem o que fiz com as cores do Mundo
Diz aí em cima ao Avô e à Avó
Que só por vos ter não sou assim tão só

Estou doente...
Este corpo às vezes falha, tenho dores
Sem fôlego uma criança morre
Sem amor o poeta é apenas um descrente pateta

Gostava de te dizer o que dizem de mim
Já fiz tanta coisa: Escrevi rezas, canções e peças
Estas mãos herdei de ti Maria, pois é
Esta bondade de ti José

Gostava que quem amo acreditasse em mim
Porque ainda amo, consigo amar
Queria tanto que o ódio sem sentido
Tivesse fim, pudesse acabar

Pois é Mãe, falo contigo todas as noites
Hoje decidi escrever emoções
Cometi erros, magoei pessoas também
Mas sou bom homem neste mundo de contradições

Caminhando está o começo de tudo
Aqui estou, caído, levantar-me-ei e se disserem que morri
Para alguns será dia de festa um alivio
Para ti que me amas, não chores...Sorri...

sábado, 10 de maio de 2014

ESTA NOITE



Trouxe na mão inquietos sentimentos
Não há amor que não possa sentir a chama das palavras
Entrando em mim ri-me do homem mais infeliz deste mundo
Estes versos denunciam este meu mais profundo


Para não pedir, não morrer, não fugir
E agradecido por louvar o teu amor
Aqui o eco das palavras é grito surdo desde então
Sinto uma sede desta ilha que me aperta o coração

Escondi as mãos por entre os sonhos
Queria devorar todos os beijos possíveis
Que me perdoem as feias pessoas sem rosto
És linda! Desde a aurora ao sol posto

Com voz triste digo às vezes a verdade mentindo
Tal como uma réstia de luz que rasga os olhos ao cego
Tal como o espaço provável da tua paixão
Cumpri na palavra o que sou, “Barco num mar de solidão”

Mas, não tenhais pena
Serei uma gaivota repentina, o esgotar dos lábios
Cada instante que cresce como devora as coisas
Este homem, pintor de verdes e lavas

Apetece a estas mãos teu corpo macio
Sem desgosto à hora do poente, teus sorridentes seios
Com inquietude e sem revolta dormir em ti
Sonhar que estou, existi

O meu desejo é o conhecimento da espera
A entrega dos sentidos a todas as memórias
Eu sou, eu, tudo o que sou e não serei para quem quer
O paladino da sétima página da tua história

Ainda só li até á sexta, ou vivi
As palavras chamam-me à realidade, partiste, foste
Ficou esta profunda e sentida saudade
Que me esmagou o peito...Esta Noite...

quarta-feira, 7 de maio de 2014

VENHO TER CONVOSCO


Hoje pacifico-me com todos vós
Hoje fechei à chave o orgulho
Aniquilei a presunção
Hoje abro o meu coração...

...Apenas porque me chamaste à razão...?!
Não, apenas porque decidi por fim, por um fim
Apenas porque te ouvi e não me quis ouvir apenas a mim
Apenas porque jamais ouvirei da minha alma não, vestirei o sim

O sim que faz de mim uma coisa ruim
Porque esta lava incandescente derramada neste peito
Faz de mim um ser diferente, nem sempre grande coisa
Na maior parte das vezes um ser sem jeito

Hoje e sempre guardarei a dor
Apagarei sem hesitar o rancor
Hoje rezarei para cumprir a vida
Hoje falou-me e ouvi, o amor

Amanhã falarei com quem não falo
Vou estender a mão à ofensa
Amanhã serei apenas um homem que olha de frente
Não quero pensar mais pelo que a gente pensa

Vou pintar aquilo que me ditarem os anjos
Escrever sonhos tamanhos
Vou dizer à vida todos os dias
Que se enganou, quem pensou que não sou o que sou

E vou dizer-te a ti sem palavras
Que não sou um inventor de sentimentos
Dizer-te que no perdão das minhas incorreções
Abraçar-te-ei em mil momentos

Hoje ouvi uma grande pessoa
E como são grandes certos corações
Hoje entendi definitivamente
Que amar deve ser isso mesmo “Amar” sem contradições

Sem duvidas, com honestidade para o bem e mal
Sei que escrevi estas palavras como um tosco
E porque ouvi uma pessoa sem me ouvir a mim
De alma nua...Venho Ter Convosco...

terça-feira, 6 de maio de 2014

PARECE MAIS UM MILAGRE




As pessoas detestam-nos quando somos diferentes
As pessoas odeiam a grandeza que Deus fez
As pessoas odeiam quem enobrece a vida
Algumas pessoas são apenas isso mesmo, pessoas, talvez

Percorri todos os caminhos da ilusão
Ganhei rumos, escrevi sonhos, reparti o pão
Segui em frente de cada tonta opinião
Fui tanta vez inocente da vil punição

Percorri uma rua mesclada de negro e fogo
Nesta carne já não há espaço para a seta trespassar
Caminhando está sempre o começo de tudo
Partirei sem glória, nunca esquecerei o chegar

Que bestas!
Deixem viver em paz este poeta judeu
Que só recolhe palavras amargas
Que é crente e sente e não guarda mágoas

Sabem?!
Nasci de uma Mulher de nome Maria
De um bom homem de nome José
São anjos que me guardam e me mantêm de pé

Logo, também tive Mãe...
Pouco, mas algum amor também
Parti só para a vida muito cedo
Senti-me perdido, senti tanto medo

Percorri o mundo em barcos e sonho
Fui no caos mais um, vulgar numero
Senti na pele o chicote e a dor no coração
Senti o roer do estômago na falta de pão

Mas que interessa o pão quando a fome é amor
Que interessa a dor se sabemos o rumo
Está cheio de lágrimas este corpo
Que sorri à vida no Sol a prumo

Que fala com deuses e anjos
Com golfinhos felizes e pássaros flamejantes
Que nunca ninguém entendeu ou amou
Que sou eu e ainda cá estou

E ainda há gente na minha Vila que me abraça
Por ter chorado ainda antes de nascer
O meu coração tem a cor do almagre
Ainda se diz de mim...Parece Um Milagre...

sexta-feira, 2 de maio de 2014

POR DENTRO, VIM NÚ


Venho ter convosco numa terra encantada
Trago as mãos vazias embrulhadas em nostalgia
Trago a lembrança de dias felizes
Trago um aroma de silêncio que em ti vivia

Em sete puras madrugadas em ti morria
Em sete marés em ti no amor crescia
Em sete dias a esperança prometia
Em sete duvidas de injustiça padecia

Sete...!
Falta um, tive apenas seis de Sol e vida
Sou um estranho por dentro de quem não me sabe
Sou apenas um timoneiro de um barco de nome saudade

Tenho as mãos vazias de carinho
A alma ausente do sorriso inebriante
Tenho esse ar altivo que esconde a dor
Tenho o coração amputado do amor

Tenho, tive uma Mãe...
Que num abraço apertado fez de mim artista
Tenho uma lágrima no canto de todas as lembranças
Cerro os olhos, quero sentir com a alma, sem vista

Tenho tudo, nada...
Tenho uma esperança renovada
Às vezes dou por mim como alma penada
Por quem ninguém chora, nem é amada

As minhas manhãs crescem
As minhas noites são azul índigo
As minhas maçãs são amargas de tão doces
Tal como às vezes alguém que se diz amigo

Um poema é o começo ou o fim de tudo?
Com esta agora fiquei cego, surdo, mudo, e tu?
Não passas tal como eu de um infeliz que chora e sorri
Porque ao aqui chegar...Por Dentro, Vim Nú...