sexta-feira, 26 de junho de 2015

O POENTE AROMA DESTES DIAS


Este vento norte que me causa emoção
Esta imensa sede por sentir a vida
Este deslumbramento pelas cores da música
Esta fé no milagre, numa paixão contida

Como um barco brilhante voei sobre incertos rumos
Cheguei à porta da madrugada
Encontrei-te, trazias os olhos tão quentes
De verdades, esperança de ser amada

Não te adivinhara...
Não pressenti as coisas maiores que a vida me deu
E de repente, num instante tudo acontece
E de repente tudo acontece, aconteceu

Tocaste-me com um sorriso o meu olhar cansado
Caminho todos os dias na ilha, sobre lava arrefecida
Pinto e não sei falar sobre a cor do Mar
Escrevo como náufrago em ilha perdida

Às vezes dou por mim a contar as ondas
Este é o tempo do descanso das gaivotas
Há um silêncio de paixão neste Sol do mês de junho
Há um aroma de pão no fechar de sete portas

Partilho a sorte com a tristeza
Talvez seja um traficante da felicidade
Um pensador de alegres utopias
Não! Apenas alguém que inventou uma insólita cidade

Alguém que chegou como as gaivotas rente às ondas
“Um tonto de meio sorriso com uma flor na mão”
Um contador de conchas adormecidas no areal
Um pintor de letras enfeitiçado pela paixão...

Do sublime que é o viver
Sem medo de voar, sem contar o espaço do morrer
De tempos felizes, de sol, vida e Mar
Senti este Mundo numa manhã ao aqui chegar

E chorei por saber das escolhas que fiz para esta vida
Tenho caminhado, amado, voado, rezado nas tristezas e alegrias
E abençoo este sortilégio de viver
NO POENTE AROMA DESTES DIAS...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

CRUZAMOS OLHARES



Vi passar um Anjo ao meio dia
Olhos inquietos perscrutando a voz calada
Vi passar um punhado de amor esperando o despertar
Este herói sem espada desconhece o fim da batalha

Por ti...
Escrevo estas palavras com insistência, todas
Este alento animado de outras tentativas anteriores
Acenando ao desprender de todas as dúvidas

“Estás comigo dentro de mim”
Deixem-me aqui na serenidade da espera
Fecho os olhos e sinto o azul do mar
Abro a alma e acordo no teu amar

Esta terra respira o teu nome
Não o vou soletrar, apetecia-me!
Vou apenas dizer, que me lembra flores de sol e sorrisos
Mas não o apaguei, é um afago...uma saudade

E tudo começou com um poema
E a oferta em ternura no cair da noite
Um abraço, outro e fizemos amor
E dei por mim esfaqueado pela estupidez, em dor

Como um barco que vence rotas novas
Aporto com um saco tiritante de beijos
Há movimentos insuspeitos dentro de mim
Este coração bate e afasta um frio fim

Como homem revolvendo a terra rubra
Vou tributando a tua magnifica existência
Tu sabes para quem escrevo
Tu sabes quem eu quero e desejo!

Tu, apenas tu, sem enganos
É no estio que a minha alma solta a palavra
Entre os lábios e o beijo uma mão interrompendo
Uma noite, uma lágrima, um terrível momento

Uma noite em que cruzamos a ilha
Parei numa jura no local onde apareceu o corpo do meu Pai
Parei na imensidão das horas de luz propositada
E lutei com todos os fantasmas, sem poder fazer mais nada

Tenho no peito o tamanho de uma prisão
Tenho da vida mil pesares
Este foi um poema que me apeteceu escrever
Apenas porque vi um Anjo e...CRUZAMOS OLHARES

sexta-feira, 19 de junho de 2015

PROPOSTA DE AMOR


Nesta alma há o esplendor dos poentes
Há um universo de palavras simples por dizer
Há um espaço imenso que se separou da dor
Há uma campo de hortênsias sussurrando o amor

Neste momento...
Algo exulta a importância da tua existência
Não há lugar para a reinvenção das sombras
Só aguardo pelo nascer da manhã inevitável da tua presença

E vou falando comigo mesmo como fazem os loucos
Enquanto ao meu redor sinto anjos escutantes
E convenço-me de que tudo é possível
E sinto uma força imensa, invisível

Lá fora há agasalhos de luz
O afago da maresia às pedras
Nunca adormeço sem a esperança do amanhecer
Misturando-se com as cinzas da tarde, as mãos, as palavras

Um livro antigo de culpas devorado pelo fogo
Este desejo surdo de poeta vagabundo
Bifurcando o coração deste mal amado
Nas mãos pesadas do desentendimento, perdi-me neste mundo

Uma estátua cansada baixa a cabeça
No aconchego de uma casa vazia uma reza, o terço
É tão simples esmagar esses dias de frias recordações
É tão urgente não atropelar o começo

Que não amanheça o pesadelo
Num murmúrio quero destruir quem compõe a solidão
Quero o espaço com estas mãos, contornando a lembrança do teu rosto
É preciso sorrir para mostrar que estamos vivos ou chorar no sol posto?

Não há rocha que resista á violência da raiva
Só há mar porque acreditamos
Quero erigir um lugar para celebrar a concórdia
Quero pensar numa palavra ou em Deus, num novo dia

E quero o ódio na longitude da distância
Que a Deusa Mãe me dê um sinal, uma flor
Este poema foi escrito sem papel e pena
E não tem nada a ver com uma...PROPOSTA DE AMOR...

segunda-feira, 15 de junho de 2015

LEMBRANÇA COBERTA DE MANHÃS


Há um lago de fogo
Onde as mulheres congeminam feitiços de amor
Embriagadas pela música do vento
Onde para a vida, se confunde a razão e o tempo

Viajo pelas maresias do verde da ilha
Continuo contigo na chama que brilha devagar
“Inventando-te sou feliz, porque te sinto em paixão esplêndida”
Nas ramagens absurdas das sombras sinto o teu chegar

Insano é este tempo que me fala da descrença
De ventos ansiosos percorrendo a lembrança do amor
Este lembrar da loucura a cada segundo
Estes pés agrilhoados ao chão dum frio Mundo

É Verão e ainda sinto o Inverno da ilha
Abandonei a viagem e aprendi a conviver com a solidão
Perdido dentro de mim um sentido
Esta minha insuportável sede de presa paixão

Este homem órfão de um destino certo
Trago em minhas mãos o amargo sabor da cor
Agora reparo, estou cansado da ausência de mim
“Tenho um choro que se propaga por dentro, sem fim”

Cresço no sentir como as manhãs caminhando no dia
Levem-me numa correria louca pelo Mar com se fosse a ultima vez
Não me perguntem porque não desisto de amar
Deixem-me sentir o aroma do teu chegar

Com a boca fechada de sorrisos
Este amanhã do renascer da carne
Com a noite plasmada de sonhos turvos
Com a alma presa, como pássaro com fome

Num altar imaculado plantei uma jura
Num poço de silêncio larguei moedas de tostão
Num gesto ao céu convoquei Guias e Arcanos
Num virar do tempo estendi ao sonho a mão


Abandonarei um ninho sem maçãs maduras e sonhos
Cobrirei com a noite todas as palavras vãs
Tudo isto escrevi neste poema
NUMA LEMBRANÇA COBERTA DE MANHÃS

quarta-feira, 10 de junho de 2015

OS PÁSSAROS QUE HABITAM A NOITE


O dia há de nascer
Entre os lábios e o beijo
Na construção de mais um silêncio
Sonhei com o recorte da tua boca, desejo

Rasguei o azul propositado
Lancei promessas á calmaria de uma lagoa
Moldemos montanhas fora do alcance dos fantasmas
Lavamos a alma e ungimos o corpo para ser pessoa

Com o corpo esparso e olhos quebrados
“Lembro uma noite vagueando na Ilha”
Sou presente no meu próprio presente
Voz mansa de ribeiro subindo, cantante, contente

Conheço os caminhos luminosos da alegria
Dentro deste corpo passeia-se a bondade
Também uma apaixonante paixão sem limite
E com o silêncio preso ao céu da boca aprisiono a tua verdade

Ás vezes navego pelos oceanos do pensamento e
Sou um barco
Ás vezes sonho que reparei todas as duvidas do Mundo e
Sou apenas um grito perdido

Este copo vazio que embebeda o louco
Este corpo nu que acolhe o orvalho
Este sorriso fugido á tristeza
Esta incerta certeza

Esta desatenta ilha que há em mim
As minhas palavras foram luz insuficiente
Este habitante da cidade inventada
Percorre o amor em pranto na procura do nada

Assim vou construindo o movimento de cada vaga
Acenando aos Anjos magníficos pendurados nas nuvens
Bebendo um mar revolto, amainando tempestades
Desenhando a traço forte o contorno de sete verdades

Vou oferecer-te esta tela
Procura-te bem dentro dela
É tão fácil esmagar alegrias
É tão difícil vestir um manto feito de nostalgias

Que poema este! Credo em cruz!
Escrevi uma confusa ode de palavras de paixão e verdade
Dei comigo a pensar coisas que ninguém pensa
Como...OS PÁSSAROS QUE HABITAM A NOITE...

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A POESIA INFINITA DO BEIJO


Sentir um abraço, como instante de água fresca
O inadiável gesto do beijo
Até violo qualquer reprimido pensamento
Porque morrer por amar é doce momento

Esta poesia vestida em maravilhoso manto de fala
A qualquer hora estarás vivendo num coração que bate sem fim
Nos olhos de uma criança nascem castelos no céu
Dormi calmamente com o sorriso dos Anjos em mim

Trago um nome tatuado na alma
Estou cansado na demora da vida
Amanso esta fúria no vale da espera
Forjei uma espada dourada para prender a quimera

Já entreguei á sorte o amor em olhos escuros
Enquanto esperava o encontro com a distância
Enquanto os pássaros cantam para a ilha sorrir
Vou navegando numa baia onde não existe o partir

Silenciosamente voa este pensamento sem rosto
É madrugada e a chuva cai dentro de mim
Dizem-me as mulheres que desconheço
Que um puro beijo, para o tempo, não tem distancia nem fim

Beijamos sorrisos
Tocamos bocas como quem constrói estrelas
Beijamos olhares de ternura
E enchemos a alma com os sois da luz mais pura

Esta minha insuportável sede do teu regresso
Vieram de mim longos dias de solidão
Porque me perdi...?!
Porque deixei a semente da duvida em ti...

Os homens não morrem no País que inventei
O amor é real na minha cidade inventada
É permitido trocar a saudade por desejo
Na... POESIA INFINITA DO BEIJO...