quarta-feira, 10 de junho de 2015

OS PÁSSAROS QUE HABITAM A NOITE


O dia há de nascer
Entre os lábios e o beijo
Na construção de mais um silêncio
Sonhei com o recorte da tua boca, desejo

Rasguei o azul propositado
Lancei promessas á calmaria de uma lagoa
Moldemos montanhas fora do alcance dos fantasmas
Lavamos a alma e ungimos o corpo para ser pessoa

Com o corpo esparso e olhos quebrados
“Lembro uma noite vagueando na Ilha”
Sou presente no meu próprio presente
Voz mansa de ribeiro subindo, cantante, contente

Conheço os caminhos luminosos da alegria
Dentro deste corpo passeia-se a bondade
Também uma apaixonante paixão sem limite
E com o silêncio preso ao céu da boca aprisiono a tua verdade

Ás vezes navego pelos oceanos do pensamento e
Sou um barco
Ás vezes sonho que reparei todas as duvidas do Mundo e
Sou apenas um grito perdido

Este copo vazio que embebeda o louco
Este corpo nu que acolhe o orvalho
Este sorriso fugido á tristeza
Esta incerta certeza

Esta desatenta ilha que há em mim
As minhas palavras foram luz insuficiente
Este habitante da cidade inventada
Percorre o amor em pranto na procura do nada

Assim vou construindo o movimento de cada vaga
Acenando aos Anjos magníficos pendurados nas nuvens
Bebendo um mar revolto, amainando tempestades
Desenhando a traço forte o contorno de sete verdades

Vou oferecer-te esta tela
Procura-te bem dentro dela
É tão fácil esmagar alegrias
É tão difícil vestir um manto feito de nostalgias

Que poema este! Credo em cruz!
Escrevi uma confusa ode de palavras de paixão e verdade
Dei comigo a pensar coisas que ninguém pensa
Como...OS PÁSSAROS QUE HABITAM A NOITE...

1 comentário:

Maria Rodrigues disse...

As palavras fluam e pousam na página em branco do poeta, transformando-a em poesia.
Lindo poema.
Beijinhos
Maria