terça-feira, 11 de agosto de 2015

CELEBREI-TE


Vi nascer o dia no céu da ilha
Viajei pelo espaço dos milhafres sem desenganos
Se pudesse mudar alguma coisa no Mundo
Mudava a forma como nos desencontramos

Mudava o tempo, aprisionava-te
Mudava as cores todas que tocassem o teu olhar
Pintava o amor como se fosse o mais além
Porque há estios na planície para os pés do teu chegar

Na penumbra dos quotidianos tristes
Não houve lugar para os cravos breves
Na irrequietude ecoante do Mar rasgando as rochas
Rezo para a tua vinda elevando mãos postas

Nunca serei um fugitivo perdido
Viajante, viageiro no vale de todas as lembranças
Não resistas à chegada da primavera
Nunca deixes de sentir esta árvore em eterna espera

Já sorri vertendo lágrimas
Já chorei pela incompreensão do amor
Já senti na alma um instante de água fresca
Já me perdi no teu olhar entre a raiva e a dor

Já semeei o amor para ver se brota de novo
Já percorrei os verdes e azuis descalços pela erva molhada
Ah como é transbordante o cálice parado em meu coração
Como sinto a ternura que envolve a tua mão

Na ilha, esta água girando à volta dos olhos
Não me canso da cor do mar que beija o céu
Não consigo arrancar-te da minha alma
Já rasguei do peito este negro véu

A saudade destas mãos cansadas
Se todos os dias morre o Sol ressuscitando na aurora
Entre o alento animado da noite escura
Há sempre uma vontade inabalável na tua procura

Amansarei as tempestades que povoam o teu peito
Contarei as aves de um alegria adormecida em doce instante
Na ilha de Santa Maria elevei-me em profundo instante
Fechei os olhos, abri a alma...Celebrei-te...

2 comentários:

Ana Bailune disse...

Um poema lindo, puro e sem clichés!

Chellot disse...

Saudades dessa ilha maravilhosa e de suas poesias Profeta.
Muito lindo!
Beijos doces.