segunda-feira, 16 de maio de 2016

SORRI


No meio dos risos surgem os punhais
Este pássaro nunca se perdeu do saber
Nem sempre tive o aconchego de uma porta fechada
Meu Deus “Afasta de mim este cálice” não quero beber

Gostava de conversar contigo Mãe
Dizer-te tanta coisa que fiz
Gostava de sentir o teu sorridente orgulho
Este menino chora mais ao lado, continuo pobre petiz

Gostava que visses os sonhos que plantei
As palavras que escrevi com emoção
Gostava que dissesses a todas estas pessoas que me odeiam
Que tenho bom coração

Gostava que estivesse o Pai
Que vissem o que fiz com as cores do Mundo
Diz aí em cima ao Avô e à Avó
Que só por vos ter não sou assim tão só

Estou doente...
Este corpo às vezes falha, tenho dores
Sem fôlego uma criança morre
Sem amor o poeta é apenas um descrente pateta

Gostava de te dizer o que dizem de mim
Já fiz tanta coisa: Escrevi rezas, canções e peças
Estas mãos herdei de ti Maria, pois é
Esta bondade de ti José

Gostava que quem amo acreditasse em mim
Porque ainda amo, consigo amar
Queria tanto que o ódio sem sentido
Tivesse fim, pudesse acabar

Pois é Mãe, falo contigo todas as noites
Hoje decidi escrever emoções
Cometi erros, magoei pessoas também
Mas sou bom homem neste mundo de contradições

Caminhando está o começo de tudo
Aqui estou, caído, levantar-me-ei e se disserem que morri
Para alguns será dia de festa um alivio
Para ti que me amas, não chores...Sorri...

1 comentário:

bea disse...

Tem vezes em que a gente fica assim, à conversa com o passado que nunca passa. As mães são o receptáculo das nossas dores físicas e de outra índole. Não interessa onde estejam, são na mesma. Sempre.